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segunda-feira, 5 de julho de 2010

“... saudade é tristeza pelas coisas que amamos e perdemos.
Não é o desejo de voltar ao passado, pois isto não é possível.
Saudade é sentir que algo nos foi arrancado.
Na saudade é como se fôssemos náufragos
numa praia ajuntando os pedaços de nosso naufrágio.
Na saudade saímos dos muitos pequenos desejos
que moram nos caminhos do vale,
e nos descobrimos frente a um grande desejo,
que é a nossa verdade.
Saudade é o lugar da busca do Grande Desejo, esquecido, perdido.
Percebemos que estamos ficando velhos,
afinal crianças não têm saudades.
Elas vivem a inocência e o paraíso do presente permanente.
Na saudade descobrimos que pedaços de nós já ficaram para trás.
E descobrimos, na saudade, uma coisa estranha;
aquilo que já experimentamos como alegria no passado.
Só podemos amar o que já tivemos.
Não é possível desejar o desconhecido por mais fantástico que ele possa ser.
Pois, como desejá-lo, se nunca o experimentamos?
Só podemos desejar aquilo de que temos saudade...
Somos seres de saudade. “
(Rubem Alves)

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