Total de visualizações de página

sábado, 6 de agosto de 2011

Nunca amamos alguém.
Amamos, tão-somente,
a idéia que fazemos de alguém.
É a um conceito nosso - em suma,
é nós mesmos- que amamos.
Isto é verdade em toda a escala do amor.
No amor sexual buscamos
um prazer nosso dado por
intermédio de um corpo estranho.
No amor diferente do sexual,
buscamos um prazer nosso
dado por intermédio de uma idéia nossa.(...)
As relações entre uma alma e outra,
através de coisas tão incertas e
divergentes como
as palavras comuns e
os gestos que se empreendem,
são matéria de estranha complexidade.
No próprio ato em que nos conhecemos,
nos desconhecemos.
Dizem os dois 'amo-te' ou
pensam-no e sentem-no por troca,
e cada uma quer dizer uma idéia diferente,
uma vida diferente, até, porventura,
uma cor ou um aroma diferente,
na soma abstracta de impressões
que constiui a atividade da alma. (...)
(Fernando Pessoa)

Nenhum comentário: